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Alexandre Laureano Santos

Algumas notas biográficas relativas a Rio Maior (2)

                                                    

 

 

                                            

 

 

Cumpriu o serviço militar durante o período da Guerra Civil espanhola, tendo sido chamado mais que uma vez às fileiras de onde saiu como tenente miliciano. Como se compreende havia então necessidades de reforço das unidades militares periféricas próximas das fronteiras. Esteve no regimento de Castelo Branco. Nesse período foi possível cumprir o estágio necessário ao exercício da advocacia no escritório de advogado de um riomaiorense ilustre - Dr. Asdrúbal Calisto - nas Caldas da Rainha. Aliás, o Dr. Asdrúbal Calisto viria a ser seu cunhado, visto que em 13 de setembro de 1939 Alexandre Laureano Santos viria a casar-se com Sílvia Pereira Calisto, sua conterrânea, filha mais nova de Amarino da Mata Calisto, escrivão de direito, e de Maria Amélia de Sá Pereira Calisto, um casal muito considerado em Rio Maior. Além do Dr. Asdrúbal Calisto seriam seus cunhados a Sra. D. Maria Veridiana Pereira Calisto Ramos Franco, que foi casada com o veterinário riomaiorense Dr. Manuel Silvestre Ramos Franco o qual exerceu a sua profissão nas Caldas da Rainha, e o Dr. Francisco Augusto Pereira Calisto, médico ilustre que exerceu clínica em Rio Maior e viria a falecer prematuramente em 1945 com 32 anos de idade após ter sido contaminado durante uma epidemia de febre tifóide a que não resistiu.

Constituída a sua família, Alexandre Laureano Santos decidiu ingressar na carreira de Conservador dos Registos tendo sido nomeado em 1941 para ocupar um posto dessa carreira em Vimioso. Posteriormente foi nomeado para Baião onde esteve apenas alguns meses. Permaneceu naquelas localidades do norte do país entre 1941 e 1944, com a sua mulher e o seu segundo filho, visto que a primeira filha viria a falecer com poucos meses de vida. Sublinhe-se que a sua breve passagem por aquelas localidades deixou marcas visto que várias dezenas de anos depois da passagem do casal pela vila havia pessoas em Vimioso que bem se recordavam do agradável convívio que a sua presença facultara.

 

Em 1944 Alexandre Laureano Santos e a sua família regressaram a Rio Maior. Aqui exerceu a advocacia durante os vinte anos subsequentes.

 

No seu escritório na Rua Serpa Pinto trabalhava também o Solicitador Judicial Sr. Fernando Cova Gonçalves, que, tendo preparação universitária, foi também um excelente professor de Matemática, de Física e de Educação Física na Escola Comercial de Rio Maior e no Externato Luís de Camões. Fernando Cova Gonçalves foi ainda durante muitos anos o Comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Rio Maior.

 

Do casal Laureano Santos foram nascendo vários filhos. A primeira filha nascida em Lisboa teve uma vida efémera por ter uma grave malformação falecendo com poucas semanas de vida. O casal teve mais quatro filhos durante o período em que esteve em Rio Maior: Alexandre José que nasceu em 1941; Luís Manuel que nasceu em 1943; Maria da Graça que nasceu em 1945 e Maria do Rosário que nasceu em 1955. Alexandre Laureano Santos viria a ter mais um filho bastante mais tarde em 1972: António José que seguiu a advocacia tal como seu pai e seu irmão.

O Dr. Laureano Santos exerceu a advocacia em Rio Maior e nas comarcas vizinhas, nomeadamente nas Caldas da Rainha, no Cartaxo, em Alcobaça, Porto de Mós, Lourinhã e Santarém. Também participou em numerosos julgamentos noutras localidades nomeadamente em Lisboa e em Coimbra.  A partir de 1947, a convite do diretor da Escola Comercial e Municipal de Rio Maior, foi professor das disciplinas de Português, de Francês e de Direito Comercial. Sempre teve um grande empenho nessa sua atividade docente. Publicou, aliás, em colaboração com Rogério A. Clemente, um livro sobre Direito que derivou da sua atividade pedagógica na Escola Comercial. Esse livro foi editado, composto e impresso em Rio Maior: “Leis e decretos aplicáveis na vida comercial” (Rio Maior, 1952).

 

Colaborou regularmente em vários jornais. Durante a frequência da Faculdade publicou textos no Jornal de Rio Maior dirigido por Ayres de Sá cujo primeiro número ocorreu em 1931. Em fevereiro de 1936 saiu a primeira edição do jornal Concelho de Rio Maior fundado por Alexandre Laureano Santos e Fernando Casimiro Pereira da Silva, aquele diretor e este editor e proprietário do jornal. Este viria a publicar-se até abril de 1950 apesar de algumas irregularidades na sua distribuição devidas sobretudo à escassez do papel durante a Segunda Grande Guerra.

 

A 6 de novembro de 1936 comemorou-se o primeiro centenário do concelho de Rio Maior (1836-1936). Foi então publicada uma excelente edição de um álbum ilustrado organizado por Alexandre Laureano Santos, Fernando Casimiro e Frederico Alves. O primeiro era autor de um belo poema que abria o livro - “A Nossa Terra”.  O livro continha também algumas fotografias de Rio Maior da sua autoria.

 

Em junho de 1945 estreou-se em Rio Maior uma opereta levada à cena pelo Grupo Cénico Zé Pereira, com textos, encenação e atores inteiramente de Rio Maior. A opereta tinha música do maestro Alves Coelho Filho e de Joaquim Dâmaso Dias e o libreto era da autoria de Laureano Santos. Intitulava-se “E o sonho foi realidade...”. O tema da opereta era a vida quotidiana de Rio Maior largamente dominada nessa altura pela atividade mineira resultante da laboração das minas de lenhite, então em plena pujança pela escassez de outros combustíveis. A peça teve várias representações com muito êxito e larga repercussão na imprensa local e regional.

 

Colaborou regularmente noutros jornais que se publicaram em Rio Maior, como “O Riomaiorense”, que ocupou o lugar do então suspenso “Concelho de Rio Maior”. Aliás, “O Riomaiorense” fora o primeiro título publicado em Rio Maior cujo primeiro número viera a lume em 1893. Colaborou em numerosas publicações avulsas com artigos, monografias sobre Rio Maior e outros temas de âmbito regional; prefaciou obras como o livro “Por Rio Maior” da autoria do Dr. Fernando Sequeira Aguiar. Fez numerosos poemas para canções alguns dos quais constituíram obras interpretadas pela Orquestra Típica de Rio Maior e musicadas pelo Maestro António Gavino. A letra do hino do Colégio Luís de Camões foi da sua autoria sendo a música do Maestro António Gavino.

 

(continua na página seguinte)

 

2007.04.23, Rua Serpa Pinto_01a.jpg

Figura 2 - Edifício onde se localizava a residência e o escritório do Dr. Alexandre Laureano Santos, na Rua Serpa Pinto, em Rio Maior. © Nuno Rocha, 2007. Arquivo O Riomaiorense.

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Figura 3 - Capa do álbum: Rio Maior 1836-1936.

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