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(Editorial) 125 Anos do jornal O Riomaiorense (2)

 

 

 

 

 

 

 

O crescimento do comércio local e a evolução dos hábitos de consumo e dos modos de vida atravessam as diferentes séries numa vasta colecção de belos anúncios comerciais, desde os ferreiros e sejeiros do início do século XX, até ao acesso generalizado à compra do automóvel; desde as lojas tradicionais, passando pelo surgimento dos electrodomésticos, até aos anúncios dos super e hiper mercados. A moda e o turismo ganham espaço entre as colunas do jornal.

 

A Cultura foi um dos elementos fundacionais do Riomaiorense, pela mão de Manoel José Ferreira, que ganharia espaço ao longo das séries seguintes. Pelas páginas do Riomaiorense conhecemos o teatro local, em récitas de amadores, a actividade do Grupo Cénico Zé P'reira e do Grupo Coral e Orquestra Folclórica do Círculo Cultural de Rio Maior. Neste jornal inicia Fernando Duarte as suas crónicas de cinema, que a partir de 1952, com a fundação do Cineclube de Rio Maior, se projectam a nível nacional nas revistas Visor e Celulóide. Aqui seguimos de perto o início da carreira artística de Manoel Barbosa, colaborador do jornal desde a 4.a série, autor de propostas de intervenção cultural ainda hoje oportunas, como a proposta da criação de um museu municipal em 1974.

 

Também neste jornal acompanhámos os desportistas do concelho, com destaque para o Clube de Futebol "Os Mineiros" na década de quarenta, o União Desportiva de Rio Maior na década de oitenta e Susana Feitor na década de noventa.

 

Mas acima de tudo, através das páginas do Riomaiorense conhecemos a história de homens e mulheres que, de origens humildes, anónimas, e vivendo vidas tantas vezes obscuras ou já longamente esquecidas, contribuíram para a construção da cidade que hoje habitamos.

 

O Riomaiorense foi também uma janela de Rio Maior para um mundo em profunda e permanente mudança, noticiando e analisando os mais importantes acontecimentos internacionais da sua época, em particular durante a segunda série. Através dele tivemos notícia do naufrágio do RMS Titanic e conhecemos as preocupações dos riomaiorenses com o início e a evolução da Primeira Guerra Mundial. Mais tarde, nas terceira e quarta séries, acompanhámos a sorte dos combatentes riomaiorenses em África entre 1961 e 1974, e recebemos notícias do Brasil quando se iniciava uma longa Ditadura Militar, em cartas enviadas por António Custódio dos Santos.

 

O terceiro número da décima primeira série, iniciada em 2015, celebra os 125 anos deste velho jornal com a criação de um Arquivo Digital através do qual disponibilizaremos gradualmente as antigas edições do Riomaiorense aos investigadores da história regional. Este esforço inicia-se com a apresentação de três séries completas, apenas possível com a colaboração inestimável dos antigos Directores Silvino Manuel Gomes Sequeira e Eduardo Casimiro de Deus Pereira da Silva, do antigo proprietário Carlos Manuel Costa, bem como da Biblioteca Municipal de Rio Maior.

 

O conteúdo das centenas de números editados desde 1893 é largamente desconhecido. A recuperação desse imenso repositório permitirá um conhecimento mais profundo sobre quem fomos enquanto comunidade e sobre os caminhos que poderemos percorrer para valorizar as potencialidades da região.

 

Se este contributo para a historiografia local permitir o desenvolvimento de novos projectos de valorização do inestimável capital social e cultural acumulado pelas gerações que nos precederam, teremos sido fiéis ao espírito do velho Riomaiorense: um jornal sempre ao serviço de Rio Maior.

 

O Director

Nuno Rocha

Nas páginas seguintes apresentamos uma breve síntese da história do jornal O Riomaiorense.



 

Rio Maior na década de 50. Largo Marechal Carmona, actual Praça da República. © Colecção António Feliciano Júnior. Arquivo O Riomaiorense.

Figura 2 - Rio Maior na década de 50. Largo Marechal Carmona, actual Praça da República. © Colecção António Feliciano Júnior. Arquivo O Riomaiorense.

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