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(Entrevista) MINEIROS de Rio Maior (5)

 

 

 

3 - Encerramento das Minas e Reenquadramento Profissional                         

 

 

 

Nuno Rocha/ O Riomaiorense: Em que data cessaram funções na EICEL?

 

 

 

Miguel da Palma: Eu saí em 1965.

 

João Severino: Eu também saí em 1965.

 

José Gomes: Eu saí numa altura, que deve ter sido em 1969. Foi quando começaram a levar a gente a comer ao hospital. E eu desisti, porque não quis ir comer ao hospital. Lembram-se de ir comer ao hospital? Os mineiros... quando eles não pagavam.

 

Nuno Rocha/ O Riomaiorense: Nos anos finais da laboração da mina existiram períodos longos de atraso no pagamento de salários, que afectaram especialmente o pessoal da direcção técnica e escritórios. Estes atrasos repercutiram-se também nos mineiros?

 

José Gomes: Eu nunca estive muito tempo sem receber salário porque eu saí. Quando começaram a deixar de pagar, eu saí.

 

Marcelino Machado: Os mineiros foram atingidos também.

 

José Gomes: Sabe porque é que isso aconteceu? Falta de pessoal também para trabalhar, porque se não saíssem quinhentas vagonas... era o que eles diziam à gente. Se não saíssem quinhentas vagonas de carvão por dia, já dava prejuízo. Estavam a sair cento e tal. Estava a dar prejuízo, a mina, todos os dias.

 

João Severino: Eu tenho a impressão que aquela mina deu quase sempre prejuízo. O Estado é que estava a segurar aquilo. Era uma coisa do Estado.

 

Marcelino Machado: Era 55% do Estado.

 

Nuno Rocha/ O Riomaiorense: Na década de sessenta alguns operários optaram por abandonar a mina e emigrar em procura de melhores condições. O Sr. Miguel da Palma, segundo nos contou, foi para França.

 

João Severino: Eu também fui para França. Quando ele foi já eu lá estava. Fui para Paris.

 

 

 

Nuno Rocha/ O Riomaiorense: Que actividades profissionais desempenharam depois do encerramento da mina?

 

 

 

José Gomes: Eu fui trabalhar para os areeiros. Trabalhei muitos anos na Sarel.

 

Alcino Marques: Eu andei na construção civil. É o meu trabalho.

 

João Severino: Eu montei uma pecuária, nas Boiças. Em frente ao campo de futebol, aquele pavilhão que está ali é meu. Vim de França em 1974 e dediquei-me à pecuária.

 

Manuel Palminha: Eu despedi-me da mina um ano antes de ela acabar. Vim para o gás. Depois estive sempre no gás.

 

Miguel da Palma: Suinicultor. Tinha umas pecuárias ao pé da zona industrial e fiz ali vinte e tal anos, até à reforma. Em França fui mineiro, em Paris, no metropolitano.

 

Nuno Rocha/ O Riomaiorense: O Sr. Marcelino Machado foi até às Minas da Panasqueira, mas não ficou por lá.

 

Marcelino Machado: Pois, não fiquei. Depois vim e arranjei trabalho na Sifucel. Da Sifucel, depois, quando a EDP comprou as instalações da mina, fui contratado para ir tomar conta daquilo. Foi até a Câmara comprar.

 

Nuno Rocha/ O Riomaiorense: O Sr. José Gomes terminou a sua actividade profissional na Câmara Municipal de Rio Maior.

 

José Gomes: Trabalhei lá vinte e dois anos. Vinte e quatro. Como maquinista.



 

"Se não saíssem quinhentas vagonas de carvão por dia, já dava prejuízo. Estavam a sair cento e tal. Estava a dar prejuízo, a mina, todos os dias."

 

Jose Félix Gomes

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