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Fontanário Art Déco.  Projecto de Restauro

 

 

                                        Por Nuno Alexandre Dias Rocha

                                                Presidente da Direcção da EICEL1920

 

 

 

 

 

1 – INTRODUÇÃO . O LUGAR DA ÁGUA.

PRESERVAÇÃO DAS MEMÓRIAS DE UMA LONGA CONQUISTA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A disponibilidade de água potável à distância de uma torneira doméstica é uma aquisição recente no quadro de vida das populações rurais.

 

Mais de um século mediou entre o ano de construção, na vila de Rio Maior, de um primeiro sistema de abastecimento de água composto por dois chafarizes integrados no tecido urbano (1864), em substituição da antiga Fonte Velha – fonte de mergulho datada do tempo de D. Pedro II – e a conclusão de uma rede alargada a todos os lugares habitados do concelho.

 

A evolução dessa demorada conquista é perceptível num vasto património edificado, anónimo, raras vezes representando valor artístico, mas de significado incontornável na memória colectiva das comunidades a que pertence.

 

Multiplicado em algumas centenas de obras, de diferentes épocas e tipologias, o património das águas do concelho de Rio Maior apresenta-nos alguns exemplares passíveis de captar o olhar atento pela qualidade do seu desenho e integração no espaço urbano.

Herança em risco pela desafectação do uso inicial ou por simples ausência de uma intervenção regular de conservação, aguarda o empenho da comunidade na definição de estratégias tendentes à sua recuperação e valorização.

 

No âmbito do inventário do património arquitectónico do concelho de Rio Maior evidencia-se, pela qualificada presença urbana, um Fontanário de desenho Art Déco, (figuras 1 e 2) integrado em quarteirão do centro histórico da sede do concelho e edificado em 1931 no âmbito de requalificação e alargamento da Praça do Comércio, substituindo chafariz do primitivo sistema de abastecimento de água datado de 1864 (figura 3).

Obra integrada num esforço de modernização de infra-estruturas conduzido pela acção dinâmica de João Ferreira da Maia – presidente da Comissão Administrativa do Município riomaiorense (1926-38) – constitui-se enquanto um dos raros documentos subsistentes do processo de resolução da dificuldade ancestral de fornecimento regular de água à população local, concluído em 1936, na Vila de Rio Maior, com o primeiro sistema de abastecimento de água ao domicílio.

A preservação das obras de uma geração que abriu as primeiras perspectivas sobre um século de transformações profundas na antiga vila de Rio Maior assume-se hoje enquanto tarefa fundamental para a qualificação da vivência urbana da cidade actual. Uma vivência urbana que se pretende valorizada pelas evidências materiais do longo percurso histórico da comunidade.

(continua na página seguinte)

Figura 1 - Painéis de azulejo do fontanário Art Déco localizado na confluência das Ruas João de Deus e David Manuel da Fonseca, em Rio Maior. © Nuno Rocha, 2005. Arquivo O Riomaiorense.

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Figura 2 - Fontanário Art Déco localizado na confluência das Ruas João de Deus e David Manuel da Fonseca, em Rio Maior. © Nuno Rocha, 2008. Arquivo O Riomaiorense.

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Figura 3 - Praça do Comércio, Anos 10. Bilhete Postal Ilustrado. © Colecção António Feliciano Júnior. Arquivo O Riomaiorense.

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