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Luís Falcão Mena . O Homem e a Obra (4)

 

 

 

 

 

O início da década de sessenta foi marcado por uma progressiva descapitalização da EICE SARL, que esteve na origem de uma grave crise social. Sucederam-se períodos de vários meses com ordenados em atraso. Luís Falcão Mena teve necessidade de acumular a direcção técnica das minas de Rio Maior com um segundo emprego enquanto Engenheiro Chefe de Serviços da Sociedade Comercial Romar, para fazer face à falta de pagamento do seu próprio ordenado.

Numa fase de crescentes dificuldades financeiras da empresa mineira, o director técnico continuou a empenhar-se na melhoria dos cuidados da assistência aos operários, inaugurando uma ampliação e reequipamento dos serviços médico-sociais da empresa a 17 de Novembro de 1962 (16).

 

Falcão Mena expôs às entidades competentes a situação dramática vivida pelos funcionários da EICE SARL, devida ao atraso no pagamento de salários (figura 9). Na sequência da falta de tomada de providências para a resolução do problema social existente, e perante convite para assumir a Direcção Técnica da Companhia Mineira do Lobito, em Angola, cessou as suas funções nas Minas do Espadanal. Não deixaria, no entanto, de acompanhar com interesse os desenvolvimentos de Rio Maior, através do Jornal do Oeste, correspondendo-se com o Director Armando Pulquério.

 

Durante onze anos, exerceu as funções de Director Geral da Companhia Mineira do Lobito, na extracção (Cassinga - Jamba), transporte e exportação (Porto de Moçâmedes) de minério de ferro para o Japão e Alemanha (figura 10). 

Com o agravamento da instabilidade em Angola, no decurso do processo de independência,  Falcão Mena regressou, em 1975, ao Portugal metropolitano onde fundou, no ano seguinte, o Gabinete de Apoio Técnico (GAT) de Abrantes, que dirigiu até 1978. Entre 1978 e 1984 exerceu o cargo de Administrador da Empresa Imobiliária ICOSAL.

Faleceu a 31 de Abril de 1984 após doença prolongada.

 

O Engenheiro Luís Abreu Falcão Mena deixou uma marca indelével na comunidade riomaiorense pela sua acção humanista e competência técnica. Nas duas décadas em que exerceu funções no Couto Mineiro do Espadanal (1944-1964) deu um contributo decisivo para a qualificação do território, perpetuado num importante monumento histórico e arquitectónico – a antiga fábrica de briquetes da Mina do Espadanal – e para a transformação do tecido social, com o seu empenho na criação de condições de acolhimento e integração da comunidade mineira, cujos benefícios se estenderam a todos os riomaiorenses.

Sob proposta da EICEL1920, Associação para a Defesa do Património, no âmbito das Comemorações do Centenário da Mina do Espadanal,  e quando se comemoram cem anos do nascimento do Eng. Falcão Mena, o Município de Rio Maior homenageia o antigo Director Técnico da Mina do Espadanal com a atribuição do seu nome a um arruamento na envolvente do antigo complexo mineiro.

Figura 9 - Telegrama enviado pelo Eng. Falcão Mena ao Director-geral de Minas e Serviços Geológicos, pedindo providencias para evitar situação desesperada. Março de 1964. AHMIN, LNEG.

(16)

“Posto Médico da EICE”. In O Riomaiorense (3ª série) nº258, de 23 de Novembro de 1962.

Figura 10 - Luís Falcão Mena nas minas da Companhia Mineira do Lobito, em Cassinga, Angola. Junho de 1968. © Colecção Luís Falcão Mena, Arquivo EICEL1920.

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