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Recordar 1989

                                                    

 

 

Por Eduardo Casimiro de Deus Pereira da Silva

Director da oitava série do jornal O Riomaiorense

 

 

 

Em 1989, no período de campanha eleitoral, em vésperas das eleições autárquicas, fui convidado a participar numa reunião de alguns amigos com o proprietário do periódico "O Riomaiorense", titulado por Fernando Henriques Nunes.

 

No final da reunião, foi acordado reiniciar-se a publicação do jornal, interrompida há mais de um ano, passando o meu nome a figurar como Director do jornal. Um dos objectivos era intervir na campanha local para as próximas eleições autárquicas, dando voz ao projecto do Partido Social Democrata.

Como é natural, nem tudo correu conforme estava planeado e não foi fácil encontrar uma tipografia "colaboradora" na emissão do jornal. No entanto, os contactos estabelecidos com pessoas aderentes ao projecto permitiram avançar com ousadia para a publicação do número ZERO (em vez de número um) cuja edição desapareceu rapidamente, sendo distribuído de mão em mão na rua e nos cafés.

 

Mais tarde, é publicado o número um e, posteriormente, o número dois, cuja edição saiu em 25 de Novembro de 1989.

 

Não posso contar toda a história da edição dos três números do periódico "O Riomaiorense", pois as aventuras nocturnas, dentro e fora da vila de Rio Maior, estão bem guardadas por todos os que viveram esses acontecimentos.

 

Mas, posso referir que o caso foi resolvido no Tribunal Judicial da Comarca de Rio Maior. Houve um processo levantado pelo Ministério Público, na sequência de uma queixa apresentada pelo Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior em relação a declarações prestadas numa entrevista concedida pela Dra. Hélia Santos ao Director do jornal. O caso mereceu a atenção da comunicação social e agitou a comunidade local e a população do concelho.

 

O processo foi julgado e terminou com a absolvição dos dois arguidos das acusações de difamação e abuso da liberdade de imprensa por que estavam a ser julgados no Tribunal.

 

Penso que, contrariamente ao que foi escrito num comunicado da Comissão Política do Partido Socialista local, sempre mostrei empenho pelo Concelho de Rio Maior como autarca e nunca quis pôr em causa "a honra e a dignidade do Presidente da Câmara e daqueles que com ele trabalham".

 

Depois, o registo do periódico "O Riomaiorense" foi cancelado conforme despacho exarado pelo Senhor Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e da juventude, datado de 07 de Dezembro de 1990.

Mais tarde, o periódico "O Riomaiorense" voou para outras mãos. Ponto final!

​Eduardo Casimiro de Deus Pereira da Silva

(escreve de acordo com a antiga ortografia)

Biografia

Eduardo Casimiro de Deus Pereira da Silva, nasceu em Sintra, em 09 de Maio de 1940, filho de Fernando Casimiro Pereira da Silva e Elisa Alice Laureano de Deus Pereira da Silva.

É casado com Maria Manuela Vargas Gomes Pereira da Silva, tem três filhos e onze netos.

Foi aluno da Escola Comercial Municipal de Rio Maior e do Externato Riomaiorense, tendo concluído o sétimo ano, no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa. É licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, curso que concluiu após cumprir o serviço militar, em Moçambique (1965-1967), com o posto de Alferes Miliciano da Companhia de Cavalaria 756.

Foi professor na Escola Comercial de Rio Maior (1968-1969) e na Escola Industrial e Comercial de Caldas da Rainha - Secção de Rio Maior, de 1970 a 1974, com o cargo de Sub-Director.

A partir de 1975, passou a leccionar na Escola Secundária de Rio Maior como professor do 8.o Grupo B, tendo ocupado vários lugares na estrutura desta Escola.

Em 1994, foi nomeado Presidente da Comissão Instaladora da Escola Básica Integrada 1-2-3 de Rio Maior, regressando passados dois anos à Escola Secundária de Rio Maior, onde era professor efectivo. Em 2001, deixou de leccionar por ter atingido a aposentação.

Foi Vereador da Câmara Municipal de Rio Maior (1986-1988), Deputado Municipal (1990-1993) e, em 2004, esteve na Assembleia da República como Deputado eleito pelo Círculo Eleitoral de Santarém do Partido Social Democrata.

Ao longo dos anos, participou em vários organismos locais: Comandante dos Bombeiros Voluntários de Rio Maior, Presidente da Direcção do Centro de Educação Especial do Concelho de Rio Maior "O Ninho", Presidente da Direcção do Grémio Riomaiorense, Vice-Presidente da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior, Grão Mestre da Báquica Confraria Almoçarista de Rio Maior e Presidente do Núcleo de Rio Maior da Liga dos Combatentes.

De quando em quando, escreve artigos nos jornais publicados em Rio Maior como "O Riomaiorense", "Tribuna", "O Zé" e "Região de Rio Maior", tendo colaborado também na vida desportiva local.

Desde o falecimento do Pai (1987), administra a firma Eduardo Casimiro da Silva, Lda., fundada por três irmãos, em 1855, e conhecida pelos "Casimiros". É uma das mais antigas do País e já mereceu uma homenagem da Associação Comercial de Lisboa - Câmara de Comércio, quando perfez cem anos.

 

Figura 1 - O Riomaiorense (8.a Série) número 0. Outubro de 1989.

"...os contactos estabelecidos com pessoas aderentes ao projecto permitiram avançar com ousadia para a publicação do número ZERO (em vez de número um) cuja edição desapareceu rapidamente, sendo distribuído de mão em mão na rua e nos cafés."

 

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