top of page

Fontanário Art Déco. Projecto de Restauro (5)

 

 

                                 

                                            

 

 

3 – RELATÓRIO SOBRE O ESTADO DE CONSERVAÇÃO (IGESPAR)

Antónia González Tinturé. Técnica Superior da Divisão de Conservação e Restauro.

 

 

 

 

3.1 - Descrição sumária:

 

Fontanário datado de 1931 cuja função original era o abastecimento público de água, estando ainda em uso. É de estilo Art Déco, com planta semi-hexagonal, composto por cisterna e três panos de alvenaria tradicional revestidos a pedra calcária e decorados com cinco painéis de azulejos.

 

Os azulejos são da Fábrica Cerâmica Lusitânia. Trata-se de um conjunto de painéis figurativos em azul e branco, com cercadura vegetalista e moldura em amarelo e representam cenas locais.

 

3.2 - Estado de conservação:

3.2.1 Azulejos

- Camada de sujidade superficial.

- Manchas de óxidos nas zonas de contacto com o metal das torneiras (figura 5).

- Concreções calcárias localizadas.

- Algumas juntas abertas e/ou com argamassas disfuncionais.

- Nalguns pontos, verifica-se deficiente adesão do vidrado, o que origina destacamentos consideráveis e lacunas de diversas dimensões que deixam visível a chacota, de um tom avermelhado (figura 6).

- A adesão dos azulejos ao suporte mural parece boa, sendo porém necessário verificar a sua estabilidade.

3.2.2 Pedra

- Colonização biológica (figura 7).

- Sujidades superficiais de origem diversa.

- Existem vestígios de caiação ou pintura.

- Superfície de pedra erodida. Observam-se picaduras, fissuras e lascagem em diversos pontos.

- Juntas abertas e com argamassas disfuncionais.

- Preenchimento de juntas e lacunas com materiais inadequados (cimento) (figura 8).

- Falta de alguns elementos decorativos que se perderam.

3.3 - Intervenção aconselhada:

3.3.1 Azulejos

- Limpeza superficial de sujidades e poeiras.

- Limpeza de juntas.

- Remoção das manchas de óxido.

- Fixação dos vidrados.

- Refechamento de juntas deterioradas.

- Preenchimento de lacunas com argamassas macias de cal.

- Integração cromática dos preenchimentos e aplicação final de verniz protector.

 

 

3.3.2 Pedra

- Limpeza superficial de sujidades e poeiras.

- Eliminação de ataques biológicos mediante uma limpeza (via seca e/ou húmida), seguida de aplicação de biocida nas áreas afectadas (recomenda-se biocida à base de sais de amónio quaternário).

- Remoção dos cimentos e substituição por argamassas de cal.

- Verificação de juntas, remoção de argamassas não funcionais e substituição por novas argamassas semelhantes às originais.

- Repinte de lettering com tinta das mesmas características.

- Reposição de elementos pétreos em falta (remate superior do lado direito). Para tal efeito utilizar-se-á pedra com as mesmas características e argamassas de cal e areia.

 

 

3.4 Considerações gerais.

Os materiais e técnicas a utilizar nas intervenções deverão ser escolhidos obedecendo aos princípios deontológicos da conservação e restauro, atendendo à sua compatibilidade com os materiais originais, à sua estabilidade perante possíveis alterações e à sua reversibilidade, sendo possível em qualquer altura a sua remoção, sem prejuízo do original. Não deverão limitar ou impedir as intervenções de restauro futuras.

Para as consolidações e fixações estruturais (alvenarias e rebocos), deverão ser utilizadas argamassas de cal e areia, seguindo a mesma técnica construtiva do original.

Todas as argamassas deverão ser testadas em obra, com o objectivo de acertar as mesmas ao nível da coloração e textura para cada situação concreta, escolhendo as que melhor se integrem com o original.

Os produtos a aplicar na superfície pétrea (biocidas, consolidantes e hidrofugantes deverão ser previamente testados, no sentido de escolher o material mais indicado para esta intervenção, bem como a percentagem adequada. Dever-se-á optar por produtos que alterem o menos possível a coloração e a textura original dos materiais.

​​

IMG_2851.JPG

Figura 5 - Manchas de óxidos nas zonas de contacto com o metal das torneiras. © Nuno Rocha, 2008. Arquivo O Riomaiorense.

IMG_2835.JPG

Figura 6 - Destacamentos e lacunas do vidrado. © Nuno Rocha, 2008. Arquivo O Riomaiorense.

IMG_2838.JPG

Figura 7 - Colonização biológica. © Nuno Rocha, 2008. Arquivo O Riomaiorense.

IMG_2837.JPG

Figura 8 - Preenchimento de juntas e lacunas com cimento. © Nuno Rocha, 2008. Arquivo O Riomaiorense.

bottom of page