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A Vida é um Rio

Ao olhar do Dr. Francisco Cândido Barbosa . 25/7/1908 - 7/7/1965 (2)

                                                    

 

 

                        

                                             

 

 

De espírito curioso, dedicou-se à Arqueologia, na zona das Alcobertas.

 

Pôs a descoberto a estação de São Martinho e interessou-se também pelos silos dessa região.

​Colaboraram com ele o filho Francisco Manuel, o Coronel Afonso do Paço, o Dr. Nascimento e Sousa e o Engenheiro Vieira da Natividade.

 

No primeiro volume de "Actas e Memórias do 1.o Congresso Nacional de Arqueologia", há referência a todo esse trabalho, publicado numa separata, tendo como autores ele próprio e os dois primeiros elementos atrás mencionados.

 

Também da autoria dos mesmos há o "Foicinha de Bronze do Castelo de S. Martinho", trabalho realizado sob o patrocínio do Instituto de Alta Cultura e publicado pela Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências.

 

Era, sobretudo, um grande ser humano. Ricos e pobres eram iguais. A qualquer hora do dia ou da noite estava sempre pronto para ajudar quem dele necessitasse, quer aqui em Rio Maior, quer em Santarém ou Alcobaça. 

 

A demonstrar como as pessoas lhe ficaram gratas, temos a história do mendigo errante que, passando por Santarém e sentindo-se muito doente, se dirigiu ao hospital e por ele foi tratado.

 

Passaram-se anos e um dia o tal mendigo voltou a passar por aquela cidade. 

 

Ao ter conhecimento que desejavam erguer um busto em homenagem ao Dr. Barbosa, foi ao hospital e entregou ao director do mesmo todas as suas economias, 150 escudos.

O busto, da autoria do mestre Leopoldo de Almeida, está colocado no Jardim Municipal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E quantas vezes eu própria não ouvi dizer: "Se estou vivo/viva, devo-o ao seu sogro!"

Homem racional tinha, contudo, uma superstição, não se sentava à mesa com 13 pessoas, tal como eu. Rimo-nos da coincidência, mas ambos tínhamos tido experiências desagradáveis nesse sentido.

Amigo da vida familiar. Calculo que a casa era o seu refúgio após um dia duro de trabalho.

O serão era, muitas vezes, passado em casa da mãe, a avó Visitação, a vermos televisão e a conversarmos. 

Chegava o bom tempo. Época de alguns piqueniques e pescarias na quinta dum familiar. Num tanque ecológico, de terra bem batida, os mais novos tomavam banho, enquanto rãs saltavam à volta. E ele sorria!

Ainda novo, doente e debilitado, sofrendo duma doença hoje facilmente controlada, sabia bem qual seria o seu breve destino. Nunca lhe ouvi um desabafo, nem um queixume. Se havia revolta interior, soube escondê-la. Até nesse momento foi um Homem.

Estava na praia quando ele faleceu. Foram buscar-me. No regresso chorei, mas por dentro.

Ainda hoje as línguas de fogo do pôr-do-sol nesta região me impressionam. Vêm-me, por vezes, à memória as suas palavras.

Para mim o vermelho vivo é o sangue das dores que sofri, o amarelo glorioso do sol, os momentos felizes que aqui vivi.

Por isso também posso dizer como ele: esta é a minha TERRA! 

Fernanda Barbosa

 

(Este texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

 

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Figura 4 - O Dr. Francisco Cândido Barbosa junto ao Dólmen de Alcobertas. Anos 60.

© Colecção Dra. Fernanda Barbosa.

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Figura 5 - O Dr. Francisco Cândido Barbosa numa caçada na Serra dos Candeeiros.

© Colecção Dra. Fernanda Barbosa.

Figura 6 - O Busto do Dr. Francisco Cândido Barbosa, da autoria de Leopoldo de Almeida. © Bilhete Postal ilustrado, Anos 80, Colecção Nuno Rocha.

"Era, sobretudo, um grande ser humano. Ricos e pobres eram iguais. A qualquer hora do dia ou da noite estava sempre pronto para ajudar quem dele necessitasse, quer aqui em Rio Maior, quer em Santarém ou Alcobaça."

 

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