top of page

Dr. Arnaldo Vidigal Pais (1899-1961). Médico

 

 

                                         Por Maria Margarida Borges Vidigal Pais

                                         Associada da EICEL1920

 

 

 

 

Nasceu na Erra, concelho de Coruche, em 21 de Janeiro de 1899 e faleceu em S. João da Ribeira, concelho de Rio Maior, em 25 de Agosto de 1961, sendo filho de Joaquim Vidigal Pais, também natural da Erra, e de Narcisa da Conceição Durão Machado Vidigal Pais, natural do Couço.                         

 

Matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (então Escola Médico-Cirúrgica) no ano lectivo de 1924-1925 e licenciou-se no ano lectivo de 1929-1930.

Fixou residência e abriu consultório em Rio Maior, nesse mesmo ano e lá casou, em 1935, com Maria Augusta Frazão Borges Vidigal Pais. Desse casamento nasceram duas filhas: Maria Gabriela Borges Vidigal Pais, falecida com três meses de idade e, posteriormente, Maria Margarida Borges Vidigal Pais.

Exerceu na localidade e concelho de Rio Maior diversos cargos, além de atender no seu consultório particular. Foi médico-legista do Tribunal de Rio Maior, durante mais de vinte anos; médico da Casa do Povo de Rio Maior, durante cerca de trinta anos; médico da empresa mineira E.I.C.E.L., nomeado em 1934 pela Companhia de Seguros "A Nacional", que tinha sede na Av. da Liberdade, em Lisboa, entretanto extinta, cargo esse que desempenhou até ao dia da sua morte, que foi repentina e, finalmente, médico do Hospital da Misericórdia de Rio Maior, onde prestou voluntariamente os seus serviços durante vinte e um anos, sem evidentemente receber qualquer remuneração.

Homem de marcada participação cívica e diametralmente oposto à política do Estado Novo, que é como quem diz, às ideias do Dr. António de Oliveira Salazar, esteve por mais de uma vez à beira de ser preso pela Polícia Política, para o que concorria o facto de integrar a Comissão Concelhia de Rio Maior do MUD (Movimento de Unidade Democrática).

Republicano assumido e democrata autêntico, no final da II Grande Guerra Mundial representou a Embaixada dos Estados Unidos da América num grande banquete, com mais de duzentos comensais, realizado em Rio Maior, em Maio de 1945, comemorativo da vitória dos Aliados sobre os países do Eixo.

Sendo muito embora um profissional competentíssimo, nunca se desligou dos sentimentos que profundamente o uniam ao meio rural onde nasceu - filho, neto e bisneto de grandes latifundiários ribatejanos. Sempre recordou a sua longínqua aldeia com ternura e saudade e nunca viveu afastado da natureza e do povo, como verdadeiro médico rural que era, deslocando-se a todas as freguesias do concelho de Rio Maior, a qualquer hora do dia ou da noite, com chuva ou com sol, primeiro numa pequena "charrette" tirada por um cavalo e, mais tarde, já nos anos quarenta do século passado, de automóvel, que foi um dos primeiros que existiram no concelho de Rio Maior.

Personalidade de cariz anticlerical, mas extremamente humano e de grande coração, certamente com defeitos, como toda a gente, mas de uma inteligência precoce, que o projectou muito para além dos parâmetros da sua época e meio, era de uma lealdade e de uma nobreza de alma verdadeiramente notáveis que, numa curta expressão, pode ser assim traduzido: um Homem com letra grande, na verdadeira acepção da palavra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maria Margarida Borges Vidigal Pais

Rio Maior, Setembro 2017

Transcrevemos na página seguinte o testemunho de Armando Lizordo sobre o Dr. Arnaldo Vidigal Pais, publicado na edição de 2 de Novembro de 1930 do jornal O Sorraia.

 

Figura 1 - Dr. Arnaldo Vidigal Pais, Rio Maior, 1934. © Arquivo EICEL1920, Colecção Margarida Vidigal Pais.

Figura 2 - Dr. Arnaldo Vidigal Pais, Maria Augusta Borges Vidigal Pais e Maria Margarida Borges Vidigal Pais. © Colecção Margarida Vidigal Pais.

bottom of page