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(Entrevista) MINEIROS de Rio Maior (10)

 

 

 

3 - Crise, Encerramento das Minas e Reenquadramento Profissional             

 

 

 

O Riomaiorense: De que forma afectou a família a crise nos anos finais da laboração da mina e o encerramento em 1969? 

 

 

 

Victor Almeida: Houve na verdade um período crítico, quando do encerramento. Ouvi falar disso, mas os mineiros suportaram essa crise, que julgo ter provocado muita preocupação.

 

Quando a mina encerrou, o meu pai foi dos poucos mineiros a ser reformado, com uma pensão de cerca de vinte contos mensais. Completou este rendimento, com um trabalho numa fábrica de extracção de óleo de eucalipto, que ficava próximo da casa onde habitávamos; nesta altura eu já não estava na Mina. O meu irmão mais velho, arranjou trabalho numa oficina de serralharia, em Rio Maior; pouco tempo depois emigrou a salto para França, para onde foi trabalhar. Realço a este propósito que as autoridades portuguesas não concediam passaportes aos trabalhadores, para que pudessem sair para o estrangeiro, motivo porque tinham de recorrer a intermediários, afim de atingir França, país para onde emigraram muitos mineiros, depois do encerramento da Mina.

 

O Riomaiorense: Em que data cessou funções na Mina do Espadanal?

 

 

 

Victor Almeida: Deixei de ser funcionário em 13 de Maio de 1968.



 

 

O Riomaiorense: Que actividades profissionais desempenhou depois de sair da mina?

 

 

 

Victor Almeida: Fui convidado para fiel de armazém e para o sector de controle de peças e acessórios, numa firma nova do Manuel Duarte Júnior, onde entrei logo que saí da mina. Executava controle de stocks, tarefas de recepcionista, orçamentista de reparações, cobrador e assentador da folha de ponto do trabalho de mecânicos, bate-chapas, pintores, lavadores automóveis. Esta firma estava situada na rua onde andei anos antes, como aluno da escola primária.

 

Estudei de noite, enquanto trabalhava como vendedor de farinhas Sojagado, de Ovar e como caixeiro na cooperativa dos mineiros, altura em que conheci a minha mulher Ercília, que também frequentava a Escola Comercial de Rio Maior. Os cursos eram de aulas nocturnas no antigo edifício da Escola Professor Augusto César da Silva Ferreira em Rio Maior, próximo do antigo quartel dos bombeiros voluntários, e até à inspecção para o serviço militar obrigatório, com o consequente ingresso nas forças armadas portuguesas, enquanto recrutado.

4 - Património Mineiro                                                                                                         

 

 

 

O Riomaiorense: Como acompanhou a degradação e destruição do património das minas de Rio Maior ao longo dos últimos 40 anos?

 

 

 

Victor Almeida: Ao príncipio devo dizer que fui tomado por um sentimento de grande indiferença. Sinceramente gostei e louvo a iniciativa da EICEL 1920, anos mais tarde após o encerramento da mina.

O Riomaiorense: Que utilização gostaria que fosse dada à antiga fábrica de briquetes da Mina do Espadanal?

 

 

 

Victor Almeida: Obviamente, a recuperação, a manutenção e a criação de um centro interpretativo, incluindo um Museu Mineiro com exposição de ferramentas usadas pelos mineiros.

Victor Centúrio de Almeida lendo o Jornal do Oeste durante o serviço militar obrigatório em Angola, no início da década de 70. © Colecção Victor Centúrio de Almeida.

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