
[Arquivo do Riomaiorense) Vultos de Ontem (3)
V - David Manuel da Fonseca (1854-1906)
In O Riomaiorense (3.a Série), n.o . Rio Maior, 10 de Janeiro de 1950.
Natural de Rio Maior, era filho de D. Maria Inedina Henriques da Fonseca e de Martinho Manuel da Fonseca. Espírito jovem, de vistas largas, com reais qualidades de inteligência e de trabalho, abandonou a terra natal e procurou triunfar em Lisboa.
Subindo à custa do seu próprio esforço viu-se passados anos, abastado comerciante no ramo dos pesos e medidas. Proprietário da antiga Casa Encarnação, que ainda hoje existe em Lisboa, David Manuel da Fonseca não esquece o torrão que o viu nascer. É por essa altura que oferece para o nosso albergue (antigo hospital da Santa Casa da Misericórdia) 10 colchões, 24 bacias de mão, 24 jarros, 22 lavatórios de ferro, 24 toalhas, uma maca, e outros diversos utensílios, que o tornam um grande benemérito. A essa época homem muito viajado e com uma sólida cultura era, no entanto, recatado e orgulhava-se da sua origem modesta.
Esteve por várias vezes em França, visitando em 1889 a célebre exposição de Paris.
Na parte central de Rio Maior existe uma rua a que, já há muitos anos, foi dado o nome de David Manuel da Fonseca.
Nota: Com o nome de David Manuel da Fonseca existiu um riomaiorense, tio deste, que foi o primeiro secretário do nosso Município, que D. Maria II criou em 1836. Dele se falará nesta secção oportunamente.
VI - Cândido Carril Barbosa (1874-1919)
In O Riomaiorense (3.a Série), n.o . Rio Maior, 1950.
Apesar de ter nascido na vizinha cidade das Caldas da Rainha, donde veio para a nossa terra mal tinha completado dois anos, Cândido Carril Barbosa considerava-se riomaiorense. Foi por isso que consagrou a Rio Maior, durante toda a sua vida, uma grande dedicação, um grande amor.
Crescendo foi sob os carinhos de sua mãe e de seu pai, que se chamava Francisco Cândido Barbosa e tinha uma farmácia na sala que o Dr. Ferreira utilizava, nos seus últimos tempos, para consultório.
Deixada a instrução primária continuou os estudos, matriculando-se mais tarde na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em farmácia.
Formado, regressou a Rio Maior. Entretanto seu pai falece, passando ele a dirigir e explorar a referida farmácia, que depois transferiu para o rés do chão de um prédio que foi demolido, o qual se situava em parte do terreno que ocupa hoje a praça.
Dadas as suas habilitações literárias, a sua posição social, era de admitir que Cândido Carril Barbosa viesse a ocupar, na terra em que viveu, cargos político-administrativos, ou outros de realce, como seu pai, que foi aqui presidente da Câmara Municipal, Administrador do Concelho e tesoureiro da Fazenda Pública. Prescindiu dessas honrarias, vivendo de alma e coração apenas para os seus e para a sua farmácia.
Desposou a Sr.a D. Maria da Visitação Monteiro Barbosa, natural de Turquel, hoje ainda felizmente viva. Do casal nasceram três filhos, entre eles o ilustre médico e operador de hoje, Dr. Francisco Barbosa.
A morte arrebatou-o em 25 de Julho de 1919, quando contava apenas 45 anos.

Figura 5 - David Manuel da Fonseca (1854-1906). © Arquivo do jornal O Riomaiorense.
