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(Opinião) Imprensa Local: A força da cidadania e os limites do poder

                                                    

 

 

                                    

 

 

 

4- O jornalismo como papel e o papel do jornalismo

 

Começámos este texto pela ideia de que talvez a teimosia seja a chave que nos permite perceber o imaterial de que são feitos muitos dos jornais locais. Acrescentámos-lhe imediatamente o outro ingrediente principal, o “amor à terra”, e não deixámos de procurar alguma coisa do que significaram as ideias em que se ancoraram algumas das diferentes séries d'“O Riomaiorense” (sem com isso querermos ser exaustivos ou hierarquizar diversidades).

 

Vontade, afectos e razões fazem do jornalismo local o que tem sido, assim como fizeram dos jornais que se denominaram “O Riomaiorense” o que foram e o que é. Não esquecendo a teimosia e o amor à terra, terminamos agora regressando por fim à materialidade e ao papel do papel. Isto uma vez que que, enquanto finalizávamos este texto, o “Região de Rio Maior” lançou o número 1525 anunciando que seria a sua última edição em papel. Esta é a ocasião certa para agradecer o trabalho do director Carlos Manuel e dos colaboradores deste jornal que mantiveram acesa a chama do jornalismo local em Rio Maior. Esperamos que persistam na teimosia de que já deram mostras continuando em formato digital. E é um bom pretexto para quebrar a lógica dos exemplos anteriores e olhar para o último editorial do “Região de Rio Maior” em papel. Este fala-nos dessa teimosia de quase trinta anos, das causas abraçadas pelo jornal e das razões pelas quais o jornal tem de terminar a sua edição em papel: crise económica, redes sociais e fluxo informativo permanente, formas gratuitas de leitura nos cafés, bibliotecas etc.

 

Chegando aqui, algumas das questões já várias vezes colocadas impõem-se naturalmente. Se os grandes jornais nacionais padecem dos mesmos males, será possível escapar à migração para o digital? Será esta apenas uma actualização inescapável de formatos dadas as alterações tecnológicas e/ou as condicionantes económicas? O que se perde quando se deixa de ter um jornal em papel? E o que se ganha? Papel e online podem coexistir como complementares? De que formas? Como se conjuga a crise do formato papel com as crises do jornalismo local e a concentração de meios de comunicação? De que forma irão evoluir/subsistir os jornais locais online? Como irão os vários poderes relacionar-se com as novas formas de expressão do jornalismo local? Voltará a haver um  jornal em papel em Rio Maior?

 

De qualquer forma, apesar de todas as perguntas e dúvidas possíveis, deparamo-nos com uma certeza: a de que várias formas de jornalismo local permanecem necessárias, pelo seu valor informativo, pelo papel formativo, pelo prazer da partilha, porque o debate de ideias é componente indispensável para a democracia. É por isso que aguardamos com esperança as formas como se concretizarão as teimosias vindouras. É que esta chama está acesa há mais de um século e não se pode apagar.

Carlos Carujo

(escreve de acordo com a antiga ortografia)

De que forma irão evoluir/ subsistir os jornais locais online? Como irão os vários poderes relacionar-se com as novas formas de expressão do jornalismo local? Voltará a haver um jornal em papel em Rio Maior?

 

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