top of page

(Editorial) 125 Anos do jornal O Riomaiorense (Anexo 1)

 

 

 

 

 

 

 

(1893 - 1895) “Semanário independente, dedicado à defesa dos interesses locais e do país, e órgão do professorado primário”. A primeira série, dirigida por Manoel José Ferreira

 

Manoel José Ferreira, professor do ensino primário, natural do concelho de Ansião, Leiria, nomeado para a escola primária oficial da vila de Rio Maior em 1876, assumiu a responsabilidade de dotar Rio Maior de uma "poderosíssima alavanca do progresso". Quando se generalizava a imprensa, até nos "pontos mais recônditos dos países civilizados", nada justificava, para este professor progressista, que os riomaiorenses continuassem privados de um jornal "onde pudessem ser debatidas as questões do mais vital interesse não só das povoações de todo o concelho, mas ainda das de todo o círculo  eleitoral com sede no Cartaxo", o círculo uninominal n.o 83 criado pela lei eleitoral de 21 de Maio de 1884, que reunia os concelhos de Cartaxo e Rio Maior.

 

O Riomaiorense será independente dos partidos políticos, mas tem a sua política - "uma política ordeira e conciliadora, tendente a unir n'um só pensamento" todos os habitantes dos dois concelhos na defesa dos seus interesses comuns. A este objectivo soma-se a defesa da "causa da instrução popular e do respectivo professorado". O primeiro número do jornal é publicado a 2 de Julho de 1893, contando com a colaboração de Francisco Pereira de Sousa, como Administrador.

 

A primeira série dirigida por Manoel José Ferreira dá-nos um retrato de um concelho marcado por uma ancestralidade rural, no período final da Monarquia Constitucional. Entre 1893 e 1895, encontramos o Rei D. Carlos I no trono, vivia-se ainda o rescaldo do Ultimato Britânico e era Chefe do 47.o Governo da Monarquia Constitucional Ernesto Hintze Ribeiro, pelo Partido Regenerador. Em Rio Maior, Rafael José da Costa preside à Câmara Municipal.

 

Crítico perante a inoperância das instituições no período final da monarquia, o Director do Riomaiorense apresenta propostas de melhoria das condições de vida na cidade: entre elas a proposta de criação de um jardim público no local onde viria a ser construído já em plena República, na década de vinte.

 

Em 1895, Manoel José Ferreira daria, no entanto, primazia à causa da instrução pública, substituindo o Riomaiorense, ao número 104, por um novo periódico, sob o título de A Civilização Popular, dedicado aos interesses da classe professoral e à divulgação de temas pedagógicos, mantendo contudo um noticiário local.

 

(1912 - 1921) “Semanário Republicano, Defensor dos Interesses da Comarca de Rio Maior”. A segunda série, dirigida por António Gomes de Sousa Varela e António Custódio dos Santos

 

Em 1912, um grupo de proeminentes republicanos riomaiorenses toma a decisão de criar um jornal para defesa dos interesses do concelho de Rio Maior no novo enquadramento político da República, instaurada em 1910. Integram este grupo António Gomes de Sousa Varela, administrador do concelho, António Custódio dos Santos, antigo Presidente da Câmara Municipal entre 1910 e 1911, tesoureiro da fazenda pública recém nomeado, Francisco Santos, professor do ensino primário, Eugénio Casimiro, notário e futuro Presidente da Câmara Municipal, e Amarino Calisto. Após consulta a Manoel José Ferreira, é adoptado o título de O Riomaiorense. O primeiro número do novo semanário é publicado no dia 4 de Abril de 1912 sob a Direcção de António Gomes de Sousa Varela. Francisco Santos será o Redactor Principal, coadjuvado por Eugénio Casimiro como Secretário da Redacção e Amarino Calisto como Editor. A Administração cabe a António Custódio dos Santos.

 

O Riomaiorense apresenta o seu programa em editorial redigido por António Custódio dos Santos, assumindo-se como jornal republicano e independente da política partidária, "reflexo do pensamento de meia dúzia de homens que toda a vida lutaram com ardor pelos ideais republicanos". Tem como objectivo "defender tanto quanto possível os interesses da sua terra, o pobre e desprezado Rio Maior, para onde não se volvem há muitos anos uns olhos misericordiosos".

(continua na página seguinte)



 

Figura 1 - Jornal O Riomaiorense (1.a série). Arquivo Digital.

Figura 2 - Jornal O Riomaiorense (2.a série). Arquivo Digital.

bottom of page