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(Editorial) 125 Anos do jornal O Riomaiorense (Anexo 2)

 

 

 

 

 

 

 

Ao longo de nove anos, com algumas interrupções, o jornal será o principal arauto da defesa dos interesses do concelho de Rio Maior lançando sucessivas campanhas, entre as quais se destacam a defesa da instalação da linha telegráfica Santarém - Rio Maior, que se salda por uma vitória; a defesa da construção da linha-férrea Setil - Peniche, com passagem por Rio Maior, que após acesa campanha e diversas representações ao ministério, não obtém o resultado pretendido; a transferência das Freguesias de Alguber e Figueiros da Comarca de Alenquer para a Comarca de Rio Maior, novo sucesso; a campanha contra a aposentação por doença do professor primário local, Pe. Joaquim Botelho, considerada fraudulenta, que repõe a legalidade; e a campanha pela construção da Estrada das Quebradas que facilitaria a ligação rodoviária de Rio Maior a Lisboa, e cujas obras têm efectivamente início, mas apenas serão concluídas pelo Estado Novo, na década de cinquenta, com a construção da Estrada Nacional n.o 1.

 

A 26 de Dezembro de 1912, António Gomes de Sousa Varela, o mais destacado republicano do concelho de Rio Maior abandona a Direcção do Riomaiorense, após o término do seu mandato como Administrador do Concelho, pretendendo dedicar-se por inteiro aos seus afazeres profissionais. António Custódio dos Santos assume a Direcção e a Administração do jornal até ao final da segunda série, acumulando mais tarde as funções de Redactor Principal e Editor. Terá, durante um breve período, a colaboração de Ernesto Joaquim Alves, antigo Redactor do jornal O Século, que fixa residência na vila de Rio Maior em 1914 e é convidado por António Custódio dos Santos a assumir as funções de Secretário da Redacção de o Riomaiorense. A experiência profissional de Ernesto Alves imprime ao jornal um novo dinamismo durante três anos, até à sua saída, devida a compromissos profissionais.

Em 1917, a publicação do jornal O Riomaiorense é suspensa devido à mobilização do tipógrafo Manuel Dias Ferreira para o serviço militar efectivo no exército, após a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial. Com o encerramento temporário da tipografia de Manuel Dias Ferreira, e sem alternativas no concelho de Rio Maior, António Custódio dos Santos decide suspender a publicação do jornal, que será retomada apenas em 21 de Junho de 1919, com o número 264. Inicia-se então a última fase da segunda série do jornal, na qual é publicado um documento fundamental para a história do período mineiro riomaiorense - a "Memória Descritiva. Como foi Descoberto o carvão em Rio Maior" - e que será definitivamente suspensa em 1921, devido ao aumento insustentável dos preços do papel e dos materiais de impressão.

 

(1949 - 1965) “Quinzenário Regionalista e Literário”. A terceira série, dirigida por Armando Pulquério

 

Em 1949, vinte e sete anos após a suspensão da segunda série, um grupo de quatro amigos, Armando Pulquério, António Feliciano Júnior, Fernando Duarte e João Lopes, decide recuperar o título do velho jornal, num país e num mundo profundamente diversos do tempo de António Custódio dos Santos. Viviam-se os anos da reconstrução europeia após a Segunda Guerra Mundial, e, em Portugal, a velha República havia sido substituída pela Ditadura Militar, em 1926, António de Oliveira Salazar governava há dezassete anos consecutivos, desde a sua nomeação para Presidente do Conselho em 1932, e o Estado Novo cumpria o seu décimo-sexto ano após a aprovação da Constituição de 1933. A terceira série do jornal O Riomaiorense surge no auge da campanha eleitoral para as Eleições Presidenciais de 1949, que pela primeira vez contavam com um forte candidato da oposição, o General Norton de Matos.

 

O primeiro número desta nova série é publicado a 10 de Fevereiro de 1949, sob a Direcção de Armando Pulquério. Recordando os antigos Directores do jornal, que constituem referência cívica, o novo Riomaiorense demarca-se, no entanto, do que considera ter sido "uma época de balbúrdia", e declara o apoio ao regime político vigente. Um apoio que é fruto da admiração pelas obras realizadas desde 1926, mas que não que não condiciona a crítica veemente à Câmara Municipal de Rio Maior e à Administração Central, sempre que necessária. Entre as diversas campanhas do Riomaiorense em defesa dos interesses locais, destacam-se a defesa da extensão do ramal ferroviário mineiro até Peniche e a sua abertura ao transporte de passageiros e mercadorias, que não teve acolhimento junto do Governo e a exposição das condições de trabalho dos operários da Mina do Espadanal, particularmente a denúncia, na fase final da exploração mineira, da “situação deplorável” em que se encontravam dezanove funcionários com vários meses de salários em atraso, e que teve eco na imprensa nacional.

No início da década de sessenta, Armando Pulquério investe na qualidade gráfica e na renovação dos conteúdos do jornal, obtendo o reconhecimento nacional com a atribuição do Prémio Augusto Ferreira Gomes ao Riomaiorense, pelo Secretariado Nacional de Informação, em dois anos consecutivos, 1963 e 1964.

(continua na página seguinte)



 

Figura 3 - Jornal O Riomaiorense (3.a série). Arquivo Digital.

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